A Grande Escola da Vida

Por: Frater Amduscias (Marcel Luiz Pabst)
“Lembra-te sempre de que só vieste ao mundo, e só dele também partirás”.

Todos nós enfrentamos revezes durante nosso percurso aqui neste mundo. A provação não se restringe apenas à alguns: mesmo os mais abastados, os que aparentam ser mais fortes ou até “imbatíveis”, também enfrentam dificuldades. Mas, porque estas pessoas parecem não ser afetadas pelas dificuldades? De onde tiram energia e disposição para vencer os desafios da vida?

O segredo está na forma como encaram o Mundo. Um grande amigo me disse certa vez: “Existem dois tipo de pessoas: as que fazem poeira, e as que comem poeira. Qual delas é você?”.
O Mundo é um lugar belo, cheio de maravilhas, é a ‘escola do Espírito’. Em tese, aqui tudo podemos, aqui nossos desejos podem se tornar realidade.

Então, por que sofremos? Por que são tantas as adversidades que enfrentamos? Por que os sonhos da grande maioria não se tornam realidade?

É pura ilusão acreditar existam pessoas que não sofrem. Todos sofremos, e assim será sempre, até o fim dos nossos dias. O grande problema é que na maioria das vezes nos colocamos na posição de vítimas das circunstâncias. Isso, via de regra, é um dos primeiros desafios que devemos vencer a fim de obter o mínimo preparo, para que possamos encarar o Mundo de frente.

Aliás, a palavra sofrimento já é usada no ocidente com uma certa entonação vitimista. Que tal mudarmos um pouco esta visão? Peguemos o parágrafo imediatemente acima, e troquemos a palavra SOFRER por APRENDER. Fica mais ou menos assim:

“É pura ilusão acreditar existam pessoas que não aprendem. Todos aprendemos, e assim será sempre, até o fim dos nossos dias…”

O aprendizado está atrelado ao sofrimento, e vice-versa. Ninguém aprende sem se doar, e ninguém sofre de graça. Sofrimento é aprendizado.

A este ponto, alguns diriam: “Minha nossa, então passei a vida toda aprendendo…!”. Para estes, eu pergunto: quem tem melhor aproveitamento e não reprova: um aluno aplicado estudioso, ou um aluno desatento, bagunceiro e preguiçoso? A resposta é óbvia e imediata.

Da mesma forma devemos encarar o Mundo. Afinal, não podemos nos esquecer de que o Mundo é a grande escola da Vida. Alguns alunos tem maior facilidade em aprender, outros, sequer precisam estudar. Casos excepcionais à parte, a grande maioria é normal e precisa estudar, precisa de dedicação, e não é excelente em todas as matérias (por outro lado, TODOS nós também temos nossas facilidades, uma certa desenvoltura em alguma determinada área*).

Assim, tal como alunos preguiçosos vemos as pessoas em lamúria: “não consigo isso, não posso aquilo; ninguém me ajuda, ninguém me ama”, ou então, como um aluno disperso, vemos a pessoa que leva uma vida no estilo dia-após-dia, sem qualquer preocupação em satisfazer seus anseios, sem buscar valores que norteiem sua existência, em uma rotina viciosa que nada acrescentará exceto vazio. Ainda podemos citar aqueles que vivem em uma eterna boemia, entregando-se a uma existência pobre e sem sentido, onde tudo é festa e brincadeira, nada é sério.

É importante salientar que ainda existe um tipo que aparentemente é o ideal, mas na prática mostra-se tão ruim quanto, ou quem sabe até pior do que os modelos descritos acima: é chato, o CDF, aquele que estuda tanto que não vive; aquele de quem até o professor foge. Este tipo é aspectado no Mundo pelo fanatismo, extremismo, sectarismo e tantos outros “ismos” que estão presentes na política, religião ou na convivência social (racismo, por exemplo).

O chato não respeita os demais como indivíduos; a sua palavra é verdade absoluta e os que não comungam da sua visão são considerados párias. Considera-se melhor do que a maioria pelo simples fato de decorar a matéria. O problema é que ele não a entende, e jamais poderá utilizá-la de forma prática no seu dia-a-dia, pois o seu ego está tão inflado que lhe cai por cima dos olhos e obstrui a sua visão.

Lembremo-nos, portanto, do caminho do equilíbrio: é só este, e apenas este que nos trará a aprovação final. Na Grande Escola da Vida, nossas notas são medidas pelo retorno que nossas ações geram, e o aprendizado é garantido pelo melhor de todos os mestres: o Infinito.

*Mais a respeito é explicado no meu post anterior: Magia & Perseverança: um Vôo para o Horizonte.

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