Aula 13 – O Imperador (Arcano IV)

Por: Frater Goya (Anderson Rosa)

Nossa aula de hoje irá trabalhar com o Arcano número IV, o Imperador. A letra correspondente é Tzaddi. Essa letra representa a vontade dirigida a um propósito específico. A consciência do ato.

O Imperador é aquele reina por domínio daquilo que está em suas mãos. E o que está nas mãos do Imperador? O Bastão (símbolo por excelência da vontade e portanto, da potência sexual), encimado pela cabeça de um carneiro, o que corrobora a natureza sexual do bastão.

Na outra mão, o Imperador carrega um orbe, normalmente feito de metal, que representa o poder material; mas está encimado por uma cruz, símbolo do poder espiritual. Logo, o Imperador é aquele que une o poder Temporal (dos homens) e o poder Espiritual (de Deus). Devemos nos lembrar que até o Tratado de Westphalia, o Imperador reunia em si mesmo ambos os poderes, e que a assinatura deste tratado é o símbolo da derrocada do poder imperial, a separação do poder da Igreja do poder do Estado.

Sua coroa de raios no remete ao simbolismo solar da realeza, pois as pontas saem como raios da coroa solar ao redor da cabeça do rei. Com as pernas cruzadas forma o símbolo do Enxofre alquímico. O Enxofre nos traz o simbolismo do fogo purificador (Aesh Mesareph). A Imperatriz é o Sal alquímico, o Imperador o Enxofre. Junto com a Carta do Mago (Arc. I) que é o Mercúrio, os 3 formam os elementos transformadores da consciência humana. Atrás da figura do Imperador, os raios solares sugerem que a figura está com Tipareth atrás de si.

A figura volta-se para a direita sobre o ombro, enquanto que a figura da carta anterior a Imperatriz (Arc. III) aparece voltada para a esquerda, e colocados lado a lado, parece que ambos se olham mútua e eternamente. É um simbolismo do reflexo, segundo prega o hermetismo, “o que está acima é igual ao que está abaixo”. Este ato reflexivo representa a manifestação física do ato divino. A quase exatidão entre o desenho do Imperador e da Imperatriz sugere um simbolismo arquetípico de anima e animus, macho/fêmea, ligados um ao outro mais que pela carne, mas pela psique. Um abriga a imagem perfeita do outro. Sugerimos a leitura do Arcano VI – Os Amantes.

A águia com duas cabeças representa a consorte real, que irá auxiliar na produção do elixir da longa vida, produzido pela experimentação com as secreções do corpo ligadas à Magia Sexual. Tendo o círculo vermelho atrás da águia de duas cabeças, esta adquire o simbolismo da Tintura Vermelha dos Alquimistas, relacionada com o Sol e com o Ouro. Na Imperatriz, a Águia Branca de duas cabeças adquire o simbolismo da Lua e da Prata. O cordeiro aqui, é o símbolo do poder do Cristo sobre os homens. A mansidão é a mansidão do amor cristão, que foi satirizada por Crowley. A relação do Áries caprino com o carneiro, é o poder diretor apoiado pela mansidão. Logo, esse Imperador, apesar de firme, não age com grosseria.

É importante sempre lembrar em relação a essa carta, que o Imperador não pede. Nunca pede. Ele simplesmente manda. Toda a natureza e mesmo os espíritos estão sob seu controle. Ele usa o verbo no Imperativo, como convém a um Imperador que faça. O Imperador conquista todas as coisas ao longo do tempo. Seu reinado é calmo e produtivo. Quando está mal aspectado, vê-se a antítese dessas qualidades.

Sendo uma carta de número quatro, o Imperador atua sobre a forma do mundo. Ele dá forma ao mundo que dele depende.

Continua na próxima aula…

Em L.L.L.L.,
Fr. Goya

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