Aula 10 – O Mago, O Magista e o Ambulante ou Camelô (Arcano I)

Por:Frater Goya (Anderson Rosa)

Essa carta do Tarot tem sido muito mal interpretada por muitos dos tarólogos atuais. O Mago é uma carta atribuída à letra Beth e ao planeta mercúrio.

Como mercúrio, representa o aprendizado, habilidades manuais, a comunicação e tudo aquilo que tem alguma relação com as formas de se comunicar.

O Mago carrega em si o dom de poder criar a partir de formas antes latentes. Sua manipulação das energias ao redor, pode modificar ou criar coisas até então inexistentes. Essa criação pode ser uma habilidade manual (desenho, escrita, escultura) ou a forma de se comunicar através do Verbo.

Quando o Mago aparece numa jogada, ele pode representar tudo isso, ou a necessidade de se comunicar com o mundo a seu redor. Ele representa dessa forma, a Vontade manifesta na matéria, ou como dito na Bíblia: “E o Verbo se fez carne”.

Diz Robert Wang em seu livro o Tarô Cabalístico: “Os relacionamentos de Aleph (O LOUCO) e Beth (O MAGO) com a criação são discutidos numa parte do Zohar que é um dos trechos mais belos de toda a literatura esotérica. Conta-nos ele que durante dois mil anos Deus havia “contemplado” as 22 letras do alfabeto hebraico e “brincado com elas”,Chegado o momento de criar o Universo, as letras se apresentaram diante dele em ordem invertida (de Tau para Aleph), todas pedindo para ser a primeira na criação. Todas foram rejeitadas, até chegar a vez de Beth, a respeito da qual Deus disse: “Sem dúvida, com ti criarei o mundo e tu formarás o início da criação ao mundo. Depois Deus quis saber por que Aleph não tinha aparecido e chamou esta letra, que explicou: “Porque vi todas as outras letras se retirando de Tua presença sem nenhum sucesso. O que, então, poderia eu conseguir permanecendo ali? Além do mais, como já concedeste à letra Beth essa grande dádiva, não convém que o Supremo Rei retire a dádiva que fez a um de seus servos e a ofereça a outro”. E Deus respondeu: “…embora eu vá iniciar a criação do mundo com Beth, continuarás a ser a primeira letra. Minha unidade não será expressa a não sei através de ti; em ti se basearão todos os cálculos e operações do mundo, e a unidade somente será expressa pela letra Aleph.”

Ele representa ainda a jornada do Magista desde seu iniciar no caminho mágicko. Suas diversas manifestações (Ambulante/Camelô, Magista e Mago) merecem algumas considerações:

Do meu livro “Tarot – O Templo Vivente”: “O Tarot de Crowley possui três “Magos”. Embora a explicação comum seja a de que eram três experimentos para que uma fosse escolhida no final, ou ainda, que os três representam o Mago Branco, o Negro e o Transcendente, poderíamos explicar muito melhor de uma outra forma análoga e mais clara para o leigo. Crowley não deixou nenhuma explicação sobre os outros desenhos das cartas do Mago. A explicação dada a seguir é de inteira responsabilidade do autor deste livro, e não deve ser confundida com possíveis explicações derivadas de Crowley ou quem quer que seja, além do autor.

O primeiro Mago, não seria necessariamente um Mago, mas um Mágico/Ambulante/Camelô, um embusteiro. Representa aqueles que ao visualizar uma pequena parte do conhecimento que poderão atingir, já vai se utilizando dos pseudopoderes adquiridos para tentar iludir os outros e conquistar a sua admiração. É o tipo de sabedoria muito utilizada pelos camelôs, embusteiros em geral e por muitos “místicos” da atualidade, que nada mais sabem do que aquilo que decoram. É também o lado inferior de Mercúrio, o conhecimento superficial e mal utilizado. A sua principal característica é acreditar que a magia pode ser aprendida com pouco esforço e que basta uma ou duas velas e o problema está resolvido. Não está preocupado com a iluminação ou com a Grande Obra e sim consigo mesmo. Busca brilho pessoal ao invés de ser resignado. A sua posição, lembrando uma suástica, indica que ele está iniciando no caminho da verdade. É o movimento que indica sua evolução, embora de forma ainda precária.

O segundo Mago, é a evolução da carta anterior. Atrás da figura do Mago está uma grande sombra (o Babuíno), que representa a nossa consciência. Representa aquele que foi tragado por seus próprios erros e agora busca uma maior iluminação. É capaz de realizar alguns prodígios, mas não o faz, pois agora tem consciência do grau de risco que é envolver-se com a magia sem estar devidamente preparado. Este é o grau mais alto que as pessoas comuns podem atingir. É o mesmo grau a que chegam o monges tibetanos e os grandes iniciados. Representa o Caminho da Espada Flamejante.

O terceiro Mago, o chamado transcendente, representa o lado mais elevado do conhecimento humano, e pertence ao mundo espiritual. É por isso que o Mago comum não consegue atingir este ponto, pois não é mais físico. Representa o Caminho da Serpente da Sabedoria.

A principal diferença entre esses dois últimos é o grau de envolvimento com o conhecimento adquirido. O primeiro representa a grande maioria dos estudantes do misticismo, que fazem do conhecimento oculto pouco mais que um passatempo. O segundo representa os mestres do ocultismo e aqueles que fazem do ocultismo sua vida, não como profissão, mas como caminho de desenvolvimento e busca por algo que supera a própria busca. É a verdadeira transcendência”.

Continua na próxima aula…

Em L.L.L.L.,
Fr. Goya

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