Como o original do texto é chamado de dicionário Kazar, eu resolvi enviar a vocês uma adaptação, trocando algumas palavras de lugar, mudando outras de sentido e de caracteres, gerando novas palavras, para aplicar o que o autor original falou sobre o seu próprio livro, um dicionário, para os nossos termos da magia.
Aquele que por ventura desejar o texto original, pode encontrá-lo em livro.
Atenciosamente,
em L.L.L.L.,
Fr. Goya
ANKh, USA, SEMB
Observações Finais sobre as Vantagens da Magia
Original: Observações Finais sobre as Vantagens deste Dicionário – Milorad Pavitch; Dicionário Kazar
Adaptação Livre e Dicionaresca: Fr. Goya (Anderson Rosa)
O caminho da magia pode ser uma vinha regada pela chuva ou uma vinha regada pelo vinho. Este caminho mágico, como todas as grandes magias, pertence à segunda categoria. A magia é um caminho que pede pouco tempo a cada dia, mas que toma muito no decorrer dos anos. Não se deve subestimar tal perda. Sobretudo se admitirmos que o ritual é, de maneira geral, uma ocupação duvidosa. Pelo ritual, a magia pode ser curada ou ser morta. Pode ser transformada, engordada ou violada. Seu fio condutor pode mudar de sentido, há sempre alguma coisa que nos escapa, perdemos gestos entre as práticas, falas entre os lábios, enquanto outras falas e gestos crescem entre nossos olhos e ouvidos, como repolhos. Se a deixarmos de lado, arriscamo-nos a encontrá-la (a magia) no dia seguinte como um fogão apagado sobre o qual nenhum jantar quente nos espera mais. Além do mais, hoje em dia, os homens não dispõem de tanta solidão para que possam praticar, sem prejuízo, rituais e também conjuros. Mas tudo tem um fim – o ritual mágico é como uma balança: pende primeiro para a direita, depois para a esquerda para sempre. Seu peso passa, desse modo, da mão direita para a mão esquerda, e um movimento semelhante produz-se na cabeça do magista – do domínio da esperança, os pensamentos deslocam-se para o da lembrança, e tudo se acaba. Na orelha do magista talvez permaneça, um pouco da saliva do mestre, trazida pelo vento das palavras com um grão de areia no fundo. Ao redor desse grão, como numa ostra, vozes serão depositadas durante anos, e um belo dia elas se transformarão em pérola, em queijo de cabra negra ou ainda numa bolha vazia, quando as orelhas se fecham como uma concha. Mas isto não depende da areia!
Em qualquer dos casos, praticar magia é tão trabalhoso que significa permanecer muito tempo sozinho. Sem a presença de quem te é indispensável, pois a magia a quatro mãos não é ainda comum. O magista está sempre só. Mesmo quando está em grupos…