As cores dos olhos – parte 1
Na Cabalá, aprendemos que o olho é um espelho em miniatura que reflete o homem por inteiro como foi criado à imagem de D’us, tanto no corpo quanto na alma.
As cores dos olhos – parte 1
Na Cabalá, aprendemos que o olho é um espelho em miniatura que reflete o homem por inteiro como foi criado à imagem de D’us, tanto no corpo quanto na alma.
O olho possui quatro cores, que correspondem tanto às quatro letras do Nome essencial de D’us, Havaya, quanto às quatro pernas do trono e carruagem Divinos.
O branco do olho reflete o yud do Nome Havaya, e corresponde ao poder da sabedoria – percepção Divina – e seus derivativos emotivos (ao longo do eixo direito da sefirótica árvore da vida), o poder da bondade. Estes são os atributos espirituais de nosso primeiro ancestral, Avraham.
Ao redor e penetrando no “mar” branco (da sabedoria) do olho, existem vasos de sangue, vermelhos, minúsculos mas visíveis. Na bênção de Yaacov a seu filho Yehudá, ele abençoa os olhos para que se tornem vermelhos por causa do vinho bom. Disso entendemos que o vinho – que em si é vermelho e até chamado na Torá de “sangue das uvas” – provoca vermelhidão nos olhos. O vermelho nos olhos reflete o hei do Nome Havaya, e corresponde ao poder do entendimento (o poder intelectual esquerdo) – a capacidade da alma de meditar sobre o Divino (o serviço espiritual mencionado na Torá, metaforicamente, como “beber vinho”) – e seu derivado emotivo, a força do poder (junto com sua própriedade intrínseca, o poder da reverência). Estes são os atributos espirituais de nosso segundo antepassado, Yitschac.
Em geral, quando falamos da cor dos olhos – que distingue um indivíduo de outro – referimo-nos à cor da íris. Aqui, a pessoa tem olho azul, castanho ou verde, com vários matizes intermediários. Na terminologia da Torá, todas estas cores são consideradas como matizes de uma cor geral, denominada de “amarelo-esverdeado” (yaroc).
A cor específica dos olhos de cada pessoa reflete o vav do Nome Havaya, e corresponde ao poder central da mente, o conhecimento (da’at). Nossos sábios ensinam que é a da’at de cada pessoa que distingue sua personalidade da personalidade dos outros. “Assim como cada face de uma pessoa não é igual à outra, da mesma forma o da’at de cada indivíduo é diferente.” Aqui, a cor específica do olho varia de pessoa para pessoa.
Da’at é denominado a “chave” que abre todas as câmaras do coração, as seis forças emotivas de chessed (bondade) a yessod (verdade, lealdade, e devoção). Estas, por sua vez, correspondem ao espectro total das cores do arco-íris. Quanto às cores específicas do olho, os vários matizes do azul correspondem ao eixo direito do coração, chessed (bondade) e netsach (vitória, confiança); os vários tons de marrom correspondem ao eixo esquerdo do coração, guevurá (poder, reverência) e hod (agradecimento, glória); as várias gradações de amarelo-verde correspondem ao eixo central do coração, tiferet (beleza, misericórdia) e yessod (verdade, lealdade, e devoção).
Embora da’at abra todas as câmaras do coração, seu maior derivativo – sua manifestação básica nas emoções – é o poder de tiferet (amarelo) e o derivativo imediato e direto do último, o poder de yessod (verde). Amarelo é a cor do sol, e verde é a cor da vegetação, nutrida pelos raios de luz solares (pelo processo de fotossíntese). Assim, entendemos por que, na terminologia da Torá, amarelo-verde é escolhido para representar a cor toda-inclusiva (cujos matizes variam de pessoa para pessoa).
Tiferet significa “beleza”, definida na Cabalá e Chassidut como sendo a mescla harmoniosa de muitas cores juntas. A beleza do olho está em sua cor individual, que de certo modo reflete ou sugere o espectro completo do arco-íris.
Os atributos espirituais correspondendo à cor dos olhos da pessoa, da’at e tiferet, são aquelas de nosso terceiro antepassado, Yaacov. Sobre ele, fala-se que “sua cama é completa,” com doze filhos santos, os progenitores das doze tribos de Israel. Cada tribo possuía sua própria cor, a cor de sua pedra preciosa no peitoral do sumo sacerdote e aquela exibida em sua bandeira (que assinalava seu acampamento no deserto).
Finalmente, chegamos à pupila do olho, cuja cor – ou melhor dizendo, ausência de cor – é preta. A pupila do olho é chamada pela Torá como a “filha” do olho. Na Cabalá, a figura da “filha” é sempre associada ao poder de malchut (reino), a última das sefirot, que, “nada possuindo de seu” (somente aquilo que recebe do alto), corresponde ao preto (a experiência da inferioridade existencial e distância de D’us, a propriedade interior do malchut).
Esta é a propriedade do Rei David, que disse “e serei [sempre] inferior a meus próprios olhos,” claramente aludindo ao estado intrínseco de inferioridade dentro do olho, sua pupila negra.
O poder da visão emana do ponto interno da pupila. Como no início da criação, a luz brota da escuridão – “a escuridão precede a luz.” O profeta declara “à distância, D’us aparece para mim,” do ponto mais recôndito do estado existencial de sentir-se “distante” de D’us (o ponto interior da pupila) a luz de D’us reluz aos olhos do homem.