As dez sefirot dentro da boca
Baseado no princípio de inter-inclusão, a Cabalá vê em cada um dos membros do corpo um reflexo e manifestação do corpo inteiro com todos seus membros. (A partir daí, fica claro o rumo do agora-conhecido fenômeno biológico de que os genes de cada célula do corpo codificam o corpo inteiro.)
As dez sefirot dentro da boca
Baseado no princípio de inter-inclusão, a Cabalá vê em cada um dos membros do corpo um reflexo e manifestação do corpo inteiro com todos seus membros. (A partir daí, fica claro o rumo do agora-conhecido fenômeno biológico de que os genes de cada célula do corpo codificam o corpo inteiro.)
Analisaremos agora vários dos membros primários do corpo desta forma – começando pela boca.
O palato corresponde à sefirá de chochmá (“sabedoria”) dentro da boca. Assim como o olho interior da sabedoria sempre vivencia novos lampejos de discernimento, assim também as papilas gustativas do palato, no plano espiritual interior, invariavelmente experimentam novos sabores da verdade. Lemos em Tehilim “Prove e veja que D’us é bom.” A própria palavra chochmá é lida na Cabalá como chech-ma, “o paladar do [i.e., que tem sabor] sublime.”
Assim como o palato é a extensão inferior ou reflexo do cérebro, geralmente identificada com a chochmá (nas palavras do Zôhar, “chochmá é o cérebro”), da mesma forma a garganta é considerada como sendo a extensão ou reflexão mais elevada do coração, geralmente identificado com biná (“biná é o coração”). A garganta é então considerada como sendo o biná da boca. Na Cabalá, falamos da união do palato e da garganta, refletindo a união celestial da chochmá e biná (denominadas “pai” e “mãe”) na boca.
A língua, que na boca corresponde ao eixo central das sefirot, possui três “centros de energia,” correspondendo às três sefirot ao longo do eixo central: da’at, tiferet e yessod.
O ponto onde a língua se conecta com a garganta é o ponto de da’at, o poder de conectar, na boca. Sobre este ponto, afirma-se: “se não há da’at lá, não há biná; se não há biná, não há da’at.”
O comprimento da língua em si corresponde à sefirá de tiferet na boca. Neste ponto fica o poder da “linguagem” ou “língua” (tanto em hebraico quanto em português). Na língua está a beleza da auto-expressão, a eloqüente combinação de rico vocabulário (tiferet significa “beleza”).
A ponta da língua corresponde à sefirá de yessod, o sagrado pacto na boca. Sobre este centro de energia oral afirma-se que: “o pacto da língua corresponde ao pacto da carne [i.e., o órgão procriador]”.
Aqui, na sua ponta, a língua toca, por assim dizer, a cavidade vazia da própria boca. Esta cavidade é de fato a essência da boca, pois como a boca em geral corresponde à sefirá de malchut – o recipiente vazio que recebe as luzes de todas as sefirot mais elevadas – desta forma, na análise detalhada da boca, a cavidade é seu próprio nível específico de malchut, o finalzinho do eixo central das sefirot. O toque da ponta da língua na cavidade bucal é, então, uma analogia à união sexual de homem e mulher, yessod e malchut.
As mandíbulas superior e inferior, com suas duas fileiras de dentes, correspondem às duas sefirot de chessed e guevurá dentro da boca. Mastigar a comida é como processar uma idéia para torná-la digerível. Este processo depende dos dois poderes emotivos básicos da alma. Amor, chessed, motiva o desejo da alma de “integrar” as centelhas presentes na realidade externa. A força, guevurá, desempenha o papel de moinho dos dentes, quebrando a comida em partículas digeríveis, das quais se diz: “malchut [em nosso contexto, a boca] é construído [i.e., tornado capaz de desempenhar sua função de comer] pelos [estados de] guevurá.”
Similares às mandíbulas superior e inferior e os dentes, os lábios, superior e inferior, correspondem às duas sefirot de netsach e hod dentro da boca. Estas “guardam” a entrada da boca do ambiente externo (na Cabalá, netsach e hod são descritos como “fora do corpo”). Além disso, os lábios servem para transmitir uma expressão da alma, mais profunda que palavras – o beijo. Aqui, eles se juntam com a ponta da língua, a união do trio netsach-hod-yessod dentro da boca. Assim como “língua” significa “linguagem,” assim também “lábio” (safá) significa “linguagem” em hebraico. Isso alude à linguagem do beijo.
Assim, completamos a análise da inter-inclusão das dez sefirot dentro da boca.
Sefirá | Parte da boca |
chochmá | palato |
biná | garganta |
da’at | ponto de contato da língua e da garganta |
chessed | mandíbula superior e dentes |
guevurá | mandíbula inferior e dentes |
tiferet | comprimento da língua |
netsach | lábio superior |
hod | lábio inferior |
yessod | ponta da língua |
malchut | cavidade da boca |