A Estrutura Incorpórea – Os Estados da Alma

Autor/Fonte: Rav Jaim D. Zukerwar (http://www.halel.org)

Tradução: Frater Goya (Anderson Rosa)

            O que nos une

A Sabedoria da Kabalá nos introduz, através de seus códigos e conceitos, a compreensão dos mecanismos interiores que regem a Criação; seu objetivo é que a humanidade alcance o bem absoluto e a harmonia universal através do altruísmo. Desta maneira seu estudo orienta ao homem a descobrir os princípios universais, que abarcam em última instância a todos os tipos de personalidades e tendências humanas.

A Kabalá, por ser parte interior da Torá, não é uma matéria separada desta, senão que sintetiza, une e dá forma à Torá como um todo indivisível.

Os diferentes extratos de compreensão da Torá, como a Halajá, o Midrásh e principalmente a Kabalá – que inclui todos os níveis da Torá – nos revelam a Sabedoria interior da vida através da qual o homem pode tomar consciência dos verdadeiros objetivos e de como alcançá-los. Assim superamos o âmbito caótico e de mudança constante que resulta o viver relacionado a nosso sentir momentâneo. Isto acontece quando conseguimos definir objetivamente onde reside o bem e onde reside o mal. Deste modo surge a compreensão do objetivo do bem pelo qual o Kadósh Barúj Hú manifestou a Criação, e assim começamos a definir o que é realmente o bem e o que é o mal. Então o bem será “verdadeiro” e poderá nos aproximar do objetivo.

A Torá  nos diz que o Kadósh Barúj Hú “demorou” 6 dias em criar o Mundo e 40 em dar a Torá a Moshé. Isso nos indica que não é suficiente com dar, mas que devemos ensinar como receber corretamente  a Sabedoria. Em hebraico, o verbo receber provém do vocábulo Kabalá (recepção), quer dizer, o conhecimento que nos ensina como receber os diferentes graus da Sabedoria que nos transmite a Torá.

A Torá, a través dos seus Sábios, nos ensina qual é o modo de apreender a Sabedoria, mas será cada indivíduo de acordo com suas características espirituais quem descobrirá “sua forma” de alcança-la. Dizemos “sua forma”, já que cada indivíduo tem uma função insubstituível em alcançar a harmonia e quando a alcança se completa uma nova parte do grande “quebra-cabeças universal”.

A Halajá ensina ao homem o ritmo e a forma de relacionar-se com ditos princípios. A Kabalá nos ajuda a compreender o plano através do qual HaShem beneficia as criaturas de forma infinita. A partir destas bases se alcança o edificar um sociedade na qual cada indivíduo assume a responsabilidade por seu próximo, o que nos conduz a percebermos como diferentes partes de uma mesma unidade.

Ao tomar conciencia da realidade a partir de ditos parâmetros, começamos a vivenciar a mitzvá de “Amarás ao próximo como a ti mesmo”, já não na base do nosso parecer e sentir momentâneos, senão descobrindo que amar ao próximo como a si mesmo é uma lei objetiva como o são as leis da natureza no âmbito material. Então podemos perceber a ordem das causas e efeitos a nível de nossos desejos, emoções e pensamentos, da mesma forma em que acontece com os fenômenos físicos.

Assim, o bem se torna objetivo, já que compreendemos que o princípio “Amarás ao próximo como a ti mesmo” – igual ao restante das Mitzvót contidas na Torá – transcendem a índole humana adquirindo uma dimensão de leis universais, as únicas capazes de combater a raiz do mal: o desejo egoísta de receber.

No plano material-sensorial chegamos ao conhecimento através da experimentação e a atividade intelectual. Na Torá e Kabalá não é o suficiente. Para aceder a Sabedoria devemos educar nossos instintos, emoções e pensamentos, sobrepondo-nos a atração que exerce a realidade material-sensorial quando se transforma num fim em si mesmo.

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