A Estrutura Incorpórea – Introdução ao pensamento kabalístico 1

Autor/Fonte: Rav Jaim D. Zukerwar (http://www.halel.org)

Tradução: Frater Goya (Anderson Rosa)

Introdução
0:1 Nossa linguagem, na maioria dos casos, está estruturada a partir do que sabemos e também do que cremos saber.

0:2 Diferentes teorias tentam explicar qual é a força que move a história. Alguns dizem que é o conflito de civilizações, outros o atribuem a economia de mercado, etc. Isso não faz mais que reforçar uma linguagem que justifica o desconhecimento dos outros, os diferentes.

0:3 A força frimordial na história não é a pluralidade de culturas nem a economia de mercado. Estas não são senão diferentes formas de exteriorizar e de nomear o desejo de cada indivíduo e cultura de receber o que consideram melhor, “seu patamar”.

0:4 O conflito atual não é um conflito de civilizações, é a decadência dos sistemas que através da história não fizeram mais que justificar o egoísmo.

0:5 Quando refletimos e analizamos que é o que finalmente sobrevive através da história, descobrimos que é o que possui a capacidade de unir e harmonizar. O que nos conduz ao infinito e eterno.
PRIMEIRO MÓDULO
O presente, o imediato, o próximo, o longínquo e o transcendente


1:1 Cinco aspectos determinam a forma de atuar de todo o ser humano: o presente, o imediato, o próximo, o longínquo e o transcendente.

1:2 Estes cinco âmbitos podem ser representados como quatro círculos concêntricos em torno  de um ponto central. O centro indica nossa realidade presente, o primeiro círculo assinala o imediato e assim sucessivamente, até o quarto, o mais exterior e longínquo que define o alcance de nossa consciência.

1:3 O quarto círculo, o transcendente, é em última instância o que marca nossos limites: os valores que consideramos absolutos e que não estamos dispostos, de nenhum modo, a sacrificar: é o que consideramos sagrado.

1:4 Quando um indivíduo, uma nação, etc., perde os limites que estabelecem o ritmo que harmoniza o presente com o transcendente, termina por distorcer seu conceito do sagrado.

1:5 A alma possui cinco graus gerais de consciência denominados: Néfesh – o presente: o âmbito material sensorial, Rúaj – o imediato: o plano emocional, Neshamá – o próximo: o pensamento, Jaiá – o longínquo: a vontade e Iejidá – o transcendente: o eterno, o plano espiritual.
1:6 O presente, assim como o imediato e o prósimo, instinto, emoção e pensamento respectivamente, surgem naturalmente em cada momento de nosso viver diário. O longínquo e o transcendente, a vontade para alcançar os valores eternos-espirituais, por outro lado, exige um esforço, já que devemos transcender nossos instintos, emoções e pensamentos submetendo-os através da vontade aos princípios eternos-espirituais.

1:7 Cada um destes cinco graus se relaciona com uma sefira: Néfesh com Maljut, Rúaj com Tiféret, Neshamá com Biná, Jaiá com Jojmá e Iejidá com Kéter.

1:8 Cada sefirá representa um grau da Luz Infinita, como uma série de cristais através dos quais a Luz vai adquirindo mais e mais presença. O Zohar nos transmite uma imagem desse processo designando a cada uma das sefirót como o resultado da luz atravessando cristais de diferentes cores. Negro para Maljut, verda para Tiféret, vermelho para Biná, branco para Jojmá e transparente para Kéter.

1:9 Os cinco níveis que estudamos representam cinco graus através dos quais se manifesta nosso desejo. Néfesh – o presente, a reação instintiva, Rúaj – o imediato, as emoções e Neshamá – o próximo, o pensamento.

1:10 Quando o pensamento não alcança o discernir na vontade por captar o transcendente, os seres humanos terminam por justificar-se e adaptar a realidade às suas debilidades em lugar de se expandir ao eterno.

1:11 O pensamento – o próximo, é o que pode dar-nos o discernimento para alcançar o longínquo, a vontade que não possuímos para alcançar o transcendente.

1:12 A função do pensamento é discernir em nossos desejos, a partir de Princípios Objetvos, com o propósito de alcançar o transcendente.

1:13 Quando um indivíduo, uma ideología ou uma cultura se identificam unicamente com o presente, imediato e próximo, não percebem mais que a morte no final do lapso da vida física. Então os objetivos presentes, imediatos e próximos tem começo e fim, morrem. Contrariamente, quando os sujeitamos ao transcendente somos conduzidos ao eterno.

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