The Khabs is in the Khu

Um ensaio examinando a natureza do indivíduo e seu lugar no universo como proposto no Livro da Lei, juntamente com sua proposta para a realização espiritual e a natureza dos obstáculos envolvidos.

Faze o que tu queres há de ser o todo da Lei!

Por Erwin Hessle
11 de Setembro de 2007
Sol in 18 Virgo, Anno IVxv
Copyright c 2007 Erwin Hessle
http://www.erwinhessle.com/

Tradução do texto por Frater Melquisedeque em Curitiba, 22 de Março de 2018

AL I,8 é o primeiro verso de muitos que nós encontramos no Livro da Lei que francamente parece esquisito. “Todo homem e toda mulher é uma estrela”1 é algo que nós podemos captar. “Sê Tu Hadit, meu centro secreto, meu coração e minha língua!”2 é obscuro, mas chegamos ao sentido sem muita dificuldade. Mas “O Khabs está no Khu, não o Khu no Khabs”3? Que diabos quer dizer isso?


A resposta não é complexa, mas é sutil, e pode ser difícil de apreender. Mas sua posição como verso 8 de 220 nos dá uma dica de sua importância, e, indubitavelmente, em suas doze palavras é sintetizada a mensagem do Capítulo I.

De acordo com Budge (NT1), “Khabs” literalmente significa “estrela”, enquanto “Khu” literalmente significa “espírito” (NT2). Uma outra tradução é “céu estrelado” e “espirito-alma”, respectivamente, o que é praticamente a mesma coisa. No “Novo Comentário”4 de Crowley, ele diz: ‘Khabs a Luz Secreta, ou L.V.X.; o Khu é a entidade mágicka (NT3) do ser humano (NT4). … Khabs significa estrela … (e) esta “estrela” ou “luz mais interna” é a essência original, individual e eterna. O Khu é a vestimenta mágicka que ele tece para si mesmo, uma “forma” para seu ser além de qualquer forma, pelo uso do qual pode experienciar (a existência) através da consciência de si mesmo.’


Aqui, “Khabs” é pareado com a “essência individual, eterna”, que é descrita em AL I,3: “Todo homem e toda mulher é uma estrela”. “Khu” é então colocado como a “entidade mágicka do ser humano”, seu ser, sua consciência, seu senso de identidade e individualidade, “pelo uso do qual ele pode experienciar (a existência) através da consciência de si mesmo. Este senso de identidade é precisamente o que normalmente se tenta expressar com o uso das palavras ‘espírito’ ou ‘alma’. Note que este postulado é, contudo, o exato oposto do lugar onde normalmente a alma é colocada, a qual é normalmente assumida como sendo o ‘núcleo mais íntimo e profundo’; o Livro da Lei, por outro lado, sugere que é a alma que de fato é uma concha, um veículo externo, e que há uma outra essência – o Khabs – dentro dela.


É necessário cavar um pouco mais fundo para se entender esta afirmação. Crowley nos fala extensamente em várias obras sobre sua equação “0 = 2”, que ilustra em termos simples a cosmogonia básica de Thelema. Este uso um tanto quanto idiossincrático da álgebra é mais facilmente entendido quando escrito 0 = (-1) + (+1), os dois termos da direita da equação anulando um ao outro para equivaler ao zero do lado esquerdo. Ensaios inteiros foram escritos dedicados exclusivamente a desenvolver este conceito, e uma discução pormenorizada dos detalhes terá de ser aqui evitada. Nos basta aqui declarar que ela explica (ao menos em termos metafísicos) como algo pode surgir do nada, e como este mesmo algo pode retornar ao nada.

O livro da Lei descreve estes processos em AL I, 29-30: Pois sou dividida em nome do amor, pela chande da união. Esta é a criação do mundo, de forma que a dor da divisão nada significa, e o deleite da dissolução, tudo.

Essa “divisão” diz respeito ao desmembramento do zero em (+1) e (-1), a extensão simétrica a partir de um ponto, enquanto ‘dissolução’ define o processo reverso, a combinação do (+1) e do (-1), e sua absorção de volta no zero. Essas são as duas divisórias do ciclo de vida de todas as coisas manifestas, a criação e a destruição, o nascimento e a morte. A infinita variação das coisas manifestas é explicada pela observação de que (+438.112.329) + (-438.112.329), por exemplo, equivale a zero da mesmíssima forma que (+1) + (-1). A equação também ilustra como, de acordo com esta teoria, ao menos, nada pode jamais ser adicionado ou removido do universo, uma vez que a soma total de todas as coisas existentes sempre será zero, quer não haja nada no universo, quer ele esteja abundantemente florescido com vida.


E essa observação nos leva mais próximos não somente de entender o ‘como’ da criação de acordo com o Livro da Lei, mas também do ‘por quê’. De acordo com o AL I, 29-30, então, o “propósito” da criação (da divisão) é “pela chance da união”, pela chance da dissolução, de forma que aquelas coisas criadas possam ser novamente absorvidas ou destruídas.


Este parece ser um raciocínio estranho, mas é crucial que o entendamos se quisermos apreender o significado da passagem AL I,8. Conforme dissemos, a equação 0 = 2 implica que nada jamais pode ser adicionado ou removido do universo. Nuit, a “circunferência (que) não pode jamais ser encontrada”5 , é a personificação da totalidade do potencial (de existência), representando tudo que existe, existiu ou pode vir a existir. Essa personificação se nos apresenta com um problema imediato: se Nuit é a totalidade do potencial, e nada pode jamais ser adicionado ou retirado do universo, então Nuit é, numa primeira análise, completamente incapaz de criar algo separado d’Ela mesma. Sendo este o caso, é, por essa lógica, incrivelmente difícil conceber uma razão pela qual Nuit viria a fazer algo, ou criar qualquer coisa que fosse. Este não é um problema novo, e é reconhecido em todas as teorias concernentes às deidades.


Se o Deus Abraâmico, por exemplo, é onipotente, onisciente e onipresente, porque ele criaria as pessoas? Se ele é realmente Todo-Poderoso, ele estaria simplesmente criando um exército de robôs, sem vida ou vontade própria além do que Ele os deu. Brincar sozinho com seus próprios brinquedos perde a graça muito rápido. Costuma-se contra-argumentar esta idéia utilizando-se a justificativa de que este deus criou seu povo com ‘livre arbítrio’, mas se este é o caso, dificilmente é possível que ele seja onipotente e onisciente; se ele já sabe de antemão o que as vontades livres vão decidir, então dificilmente pode-se descrevê-las como “livres”.

De maneira similar, se Nuit é toda potencial, e nada pode jamais ser agregado ou subtraído, então qual seria o propósito de ela criar qualquer coisa? Se a soma total da existência sempre é igual a zero, então qual a diferença entre um monte de coisa existir e nada existir? Porque se dar ao trabalho de criar as coisas, quando se pode alcançar exatamente o mesmo efeito não fazendo nada?

Um exemplo de onde o Livro da Lei obtém sucesso onde outros relatos da criação falharam é em seu provimento de uma resposta coerente e satisfatória para este problema (apesar de nós nunca podermos esquecer de que nós estamos tratando de metáforas aqui; devemos tomar cuidado para não incorrer no erro fundamental de assumir que Nuit é realmente uma entidade consciente que realmente possui um propósito consciente e realmente faz de fato qualquer coisa). Para ilustrar esta solução, Crowley escreve o seguinte no The Book of the Great Auk, que ele cita tanto em seu Mágick em Teoria e Prática e seu Mágick sem Lágrimas:

Todos os elementos devem em um determinado momento ter sido separados – isto ocorre no caso de exposição a grandes temperaturas. Assim, quando átomos chegam no sol, nós temos esse calor extremo, e todos os elementos são ele mesmos novamente. Imagine que cada átomo de cada elemento possui a memória combinada de todas as sua jornadas. À propósito, aquele átomo (fortalecido com aquela memória) não mais seria o mesmo átomo; e, ainda assim, o é, porque ele não agregou nada de lugar nenhum exceto esta memória.

Portanto, através da passagem do tempo, e por virtude da memória, uma coisa poderia se tornar mais do que ela é em si mesma; logo, um desenvolvimento real é possível. Pode-se ver a razão pela qual qualquer elemento decidiria submeter-se a esta série de encarnações, porque desta forma, e somente desta forma, ele pode ir a algum lugar; e ele sofre o lapso de memória que tem durante estas encarnações, porque ele sabe que sairá delas inalterado.


Aqui está o elemento crucial: “Portanto, através da passagem do tempo, e por virtude da memória, uma coisa poderia se tornar mais do que ela é em si mesma; logo, um desenvolvimento real é possível.” Nuit, apesar de toda a aparente impotência, tem um trunfo em sua manga: ela pode criar seres que percebem-se a si mesmos como sendo separados do todo. Se Nuit é a totalidade do potencial, ela não tem possibilidade de perceber nada separado de si mesma, o que é o mesmo que afirmar que ela não pode perceber nada em absoluto – uma vez que a percepção requer ao menos a existência de alguém que perceba e algo a ser percebido que sejam distintos um do outro. Ainda assim, um subconjunto consciente desse potencial total que acredite-se separado e distinto pode perceber algo diferente de si próprio.


Uma vez que Nuit é, ela mesma, incapaz de qualquer percepção, ao criar indivíduos autoconscientes algo novo pode ser adicionado ao universo – e este algo novo é a experiência. E está é, de fato, a explicação oferecida em AL I 29-30. A “divisão” é (em parte) a criação de indivíduos autoconscientes que possam perceber e experienciar, e a “alegria da dissolução” é a união desses indivíduos com os objetos de sua percepção – a aquisição da experiência.


Dessa forma, “Pois estou dividida em nome do amor” – indivíduos autoconscientes são criados com a capacidade e possibilidade de aquisição de experiências, adicionando algo de real ao potencial de Nuit. Somente através da manifestação da criação isto pode ocorrer, e esta é a razão pela qual Nuit cria; esta é sua motivação:


“aquele átomo (fortalecido com aquela memória) não mais seria o mesmo átomo; e, ainda assim, o é, porque ele não agregou nada de lugar nenhum exceto esta memória.”

Esta concepção também soluciona convenientemente o “problema da existência do mal”, que é outra pedra que tem estado no sapato da teologia desde os primórdios do surgimento da religião. De maneira sucinta, este problema nos indaga por que um deus benigno criaria um mundo no qual permitiria ao mal existir. O Livro da Lei soluciona este “problema” com um pé nas costas. Da perspectiva de Nuit, nada nunca é agregado ou subtraído a não ser a experiência, então, para ela, simplesmente não há algo que possa ser entendido como “mal”.

Ademais, seu ser é engrandecido pela experiência – qualquer que seja.


A experiência da dor, por exemplo, apesar de ser perturbadora para o indivíduo, não o é para Nuit; toda e qualquer experiência a enriquece, não importa o quão indesejável ela possa ser considerada pelo indivíduo que a está sentindo. É somente a ilusão de separação que o indivíduo percebe que causa a ele a experiência do “mal”, e isto não é nada mais do que afirmamos anteriormente – ou seja, uma ilusão.

E isto nos traz de volta ao versículo AL I, 8. O indivíduo, em essência, não é realmente um indivíduo; ele é meramente um recorte arbitrário demarcando um subconjunto da totalidade. Para que possa se perceber como indivíduo, é necessário que tenha a ilusão de que este recorte é, de fato, ele. Esta ilusão é o Khu, o espírito, a alma, “a vestimenta mágicka que confecciona para si-mesmo, uma forma para seu ser além da forma, através do qual pode experienciar (à existência) através da autoconsciência.” O indivíduo real, a demarcação entre o que é percebido como pertencente à si mesmo e aquilo que é percebido como auteridade, é o Khabs, a estrela, a unidade de existência que é uma parte integral da totalidade, e o ponto central desde o qual o Khu é capaz de perceber “todo o mais”.


É esta percepção de identidade, de individualidade, de si-mesmo, que é responsável por todos os “males”, uma vez que, como explicamos acima, sem individualidade não pode haver percepção, e sem percepção, não pode haver “mal” (NT5). Nuit, é claro, não se importa com isto, nem tampouco se importa o Khabs, sendo incapaz de ciência de sua individualidade; o Khu é quem se importa com este fato, e é desta importância outorgada pelo Khu a esses males que se ocupam completamente a religião, a espiritualidade e a magia.


Para colocar de uma maneira mais simples, o fenômeno da individualidade somente é benéfico à Nuit, mas pode parecer prejudicial ao Khu. O Khu, possuindo autoconsciência, também considera a si mesmo em seu autointeresse, e por esta razão busca atenuar as adversidades que percebe. Esta é a motivação por traz da religião e da espiritualidade, e o sucesso nesta busca é que configura “a realização espiritual”.

A abordagem tradicional sempre foi de reverter esta percepção de separação através do esforço em direção à união com algo fora de nós, seja este algo “Deus”, a natureza ou qualquer outra coisa. E, assim, vê-se a completa falha que vem sabotando a todas as tentativas de abordar esta tarefa, porque, como nos diz o versículo AL I, 8:
O Khabs está no Khu, não o Khu no Khabs.

A alma que busca no exterior por sua realização estelar está olhando diametralmente na direção errada; ela deveria estar olhando para o interior. Esta ânsia por “algo mai” é fruto, em última análise, de uma noção infantil de paternalidade divina, um pedido desesperado de socorro para que alguém de fora venha e nos resgate, e simplesmente não há ninguém “lá fora” (NT6).

A solução de fato é revelada quando nós consideramos que o Khabs, a “verdadeira” essência individual, não pode se perceber separada de Nuit, e, dessa forma, não sofre de nenhum mal. O que falta ao Khu é dar-se conta de que ele não é o eu verdadeiro, e que este título pertence, de fato, ao Khabs (NT7). Uma vez que o Khu não é o eu real, e é somente o Khu que sofre, então o eu verdadeiro não sofre, e, se ao menos fosse possível ao Khu perceber isto, seus problemas chegariam ao fim (NT8).

Dar-se conta deste fato é, naturalmente, difícil de conseguir, e por uma excelente razão. Se a ilusão de separação fosse tão fraca, acabaria por destruir exatamente o propósito de se criar indivíduos. É exatamente o fato de que a natureza do é é velada do Khu que permite a Nuit alcançar seu propósito. Crowley defende este ponto de vista, novamente extraído de seu “novo comentário”:


Nossas mentes e corpos são véus que escondem a Luz que está dentro de nós. O profano é uma “estrela escura”, e a Grande Obra para ele é fazer de seus véus transparentes, “purificando-os”. Esta “purificação” é na verdade uma “simplificação”; não é que o véu esteja sujo, mas que a complexidade de suas dobras o torna opaco.

A Grande Obra, portanto, consiste principalmente da dissolução destes complexos. Tudo já é perfeito em si mesmo, mas, quando as coisas estão desalinhadas, elas se tornam “más”. “Nossas mestes e corpos são véus que escondem a Luz que está dentro de nós, véus que cobrem a luz estelar do Khabs, os véus que impedem ao Khu de perceber a real natureza de sua individualidade.


A “complexidade das dobras (do véu)” são o que constitui a alma, a personalidade, a natureza consciente e inconsciente do ser humano e nos dão um contexto contra o qual contrapor e interpretar a sua experiência, e cada experiência aumenta sua complexidade, sua opacidade. A “Grande Obra”, que pretende alcançar a verdadeira natureza do eu, portanto, consiste principalmente da dissolução dos complexos”, ou “de alisar as dobras” do véu, para torná-lo “transparente”.
Esta “Grande Obra”, então, é em prol do Khu, e, em um primeiro momento, aparenta estarem oposição direto com o propósito de Nuit, mas isto não é assim de fato. Afinal, se a soma total da existência é sempre zero, então o fato de não perceber nada é funcionalmente equivalente a perceber tudo, e qual experiência poderia ser mais satisfatória a Nuit do que a união com o todo?


Assim, a essência da realização espiritual é que o indivíduo “se torne seu eu verdadeiro”, se identifique com sua verdadeira natureza, ao invés de fazê-lo com o Khu, com a capa que ele ingenuamente imagina ser (NT9). Isto vira o conceito de “realização” de cabeça para baixo; nós não temos que “conseguir alcançar” algo para que sejamos “salvos”. Nós não temos que viver de uma forma particular, nos vestir de uma forma particular, ou aderir a nenhuma coleção de “padrões morais” dúbios (NT10).


Isso é, é claro, exatamente o que “descobrir a verdadeira vontade” envolve, e, desta forma, o objeto da magia é duplo, como Crowley deixa claro no seu Liber II: primeiramente descobrir a verdadeira vontade, e subsequentemente executá-la. A “Grande Obra” pode ser sintetizada de forma bastante simples: “Tudo já está bem quando se começa; tudo que é, já é perfeito; a Grande Obra não envolve nada além de aprender a se tornar consciente deste fato” (NT11). Dizemos “nada além”, enquanto reconhecemos que as “dobras do véu” podem ser sem dúvida muito opacas, e que realizar esta tarefa normalmente não é tão simples quanto soa.


Não obstante, em sua concepção as coisas não são mais complicadas do que foi afirmado. “Alívio do sofrimento” não tem, na realidade, nada a ver com evitar as situações que causem sofrimento. Envolve meramente reconhecer e dar-se conta de que o sofrimento de nossas mentes e corpos não diz respeito, em realidade, ao nosso eu verdadeiro, que não é capaz de sentir nenhum sofrimento. “Realização espiritual” não é, de fato, um “desenvolvimento”, na forma em que estamos acostumados a empregar o termo, mas, ao contrário, meramente um “agitar” dos véus opacos de nossas mentes, que nos escondem estes fatos de nós. Temos a nosso dispor tudo o que precisamos, desde o momento em que nascemos; apenas precisamos ver claro o suficiente para poder perceber isto. Uma vez que possamos vez isto claramente, e o Khu esteja identificado com o Khabs, então esta identificação com Nuit será alcançada: Adore, portanto, ao Khabs, e contemple minha luz derramar-se sobre vós” (AL I, 9).

Este conceito em sua totalidade é da maior importância possível; ele forma a base de absolutamente todo o mais. Sucesso será extremamente improvável sem um entendimento cristalino desta questão, e a correta interpretação deste sucesso será impossível sem ele (NT12). É a idéia mais importante de toda a literatura mágicka, e é absolutamente fundamental para que se entenda o primeiro capítulo do Livro da Lei e a verdadeira natureza de Thelema (NT13).

Notas de pé de página


1 AL I, 3
2 AL I, 6
3 AL I, 8
4 Published as An Extenuation of The Book of the Law in 1926, and posthumously as The Law is for All.

5 AL II, 3


NT1 – Ernest Alfred Thompson Wallis Budge, arqueólogo britânico e diretor do Museu Britânico.
NT2 – pontuar que a estrutura de ‘alma’ dos egípcios tradicionalmente não é tida como tão simplista, com todo aquele bagulho de ‘ka’, ‘ba’ e tudo mais…
NT3 – obviamente o termo ‘man’ não se refere aqui ao indivíduo do gênero masculino, e foi portanto substituído por ‘ser humano’.
NT4 – optei por ‘mágicko’ com ‘k’ porque este é o termo mais comum na literatura thelemita, para que se faça distinção entre a arte e ciência de Magick e a prestidigitação e ilusionismo (magic).

NT5: Penso que é pertinente apontar a importância do entendimento de Geburah, enquanto sephira relacionada à separação, para aprofundar o raciocínio do autor. Note-se, também a frequente relação entre a referida sephira e a existência do mal. Recomendo a leitura dos capítulos “A sephira Geburah e a Origem do Mal”, “Geburah e Satan” e “Geburah e a Criação”, do livro “Qabalah, Qliphoth & Goetic Magic”, de Thomas Karlsson, e cito também um excerto do rabino Isaac Lúria, excerto também de minha tradução.
“Vede, que antes de as emanações haverem sido emanadas e as criaturas, criadas,
A simples luz superior preenchia completamente a existência.
Não havia vacuidade, tal como uma atmosfera, um oco ou um fosso,
Mas tudo estava preenchido de uma luz simples e sem fim.
E não havia nenhuma parte, nem cabeça nem cauda,
Mas tudo era a luz simples e imperturbada, homogeneamente equilibrada,
E era chamada de A Luz Ilimitada.
E, quando apenas por Sua simples vontade, veio o desejo de criar o mundo e emanar as emanações,
Para trazer à vida a perfeição de Seus feitos, Seus nomes e Seus títulos –
que é a causa e razão da criação dos mundos –
Ele, então, restringiu a Si Mesmo, no meio,
Precisamente no centro,
Ele restringiu a luz.”
Rav Isaac Lúria apud Taylor 2008 em “The Creator and the Creation”, Upper Light Publishing, Israel.

NT6 – II,23: Eu estou só: não há nenhum deus onde eu estou. II,47: Onde eu estou estes não estão.
NT 7 – II,9: Lembrai-vos todos vós de que a existência é puro deleite; que as tristezas são como meras sombras; elas passam e se vão; mas há aquilo que permanece.
NT 8 – I, 32: Então as alegrias do meu amor os redimirão de toda a dor.
NT9 – II,58: Sim! Não considerai mudança: vós sereis como sois & não de outra forma. II,57: Aquele que é correto, que permaneça correto; aquele
que é imundo, que permaneça imundo.
NT10 – Ver Liber OZ.
NT11 – II, 58: Ninguém há de ser rebaixado ou elevado: tudo é como sempre foi.
NT 12 – I,52: Se isto não estiver correto; se confundirdes as marcas do espaço, dizendo: Eles são um; ou dizendo: Eles são muito; Se o ritual não for
sempre dedicado à mim, então aguardai o severo julgamento de Ra Hook Khuit!
NT13 – II,2: Vinde, todos vós, E descobri o segredo que ainda não havia sido revelado.


REFERÊNCIAS
[1] Crowley, A., The Book of the Law, Liber AL vel Legis sub figura
CCXX, Ordo Templi Orientis/London-England, 1st edition, 1938
[2] Crowley, A., An Extenuation of the Book of the Law, Privately
printed/Tunis-Tunisia, 1st edition, 1926
[3] Crowley, A., Magick in Theory and Practice, Lecram Press/ParisFrance, 1st edition, 1929
[4] Crowley, A., Magick Without Tears, Thelema Publishing
Co./Hampton-New Jersey, 1st edition, 1954
[5] Crowley, A., Liber II, The Message of the Master Therion appearing in The Equinox, Volume III, Number I, The Universal Publishing Company/Detroit-Michigan, 1st edition, 1919

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