MEDITAÇÕES SOBRE OS 22 ARCANOS MAIORES DO TARÔ

Meditações sobre os 22 arcanos maiores do Tarô e seu autor Valentin Tomberg
Compilação de Constantino K. Riemma

Meditações sobre os Arcanos Maiores

O livro “MEDITAÇÕES SOBRE OS 22 ARCANOS MAIORES DO TARÔ por autor que quis manter-se no anonimato”, continua a ser publicado no Brasil pela editora Paulus desde sua primeira edição, em 1989. Tem 640 páginas.
Foi traduzido ao português por Benôni Lemos, do original Méditations sur les 22 Arcanes Majeurs du Tarot, Verlag Herder, Basel, 1984. O Prefácio é de autoria de Hans Urs von Balthasar, um teólogo e Cardeal. Pode ser adquirido na loja virtual Simbólika, que atua em parceria com o Clube do Tarô.
Sabemos agora que o autor da obra é Valentin Tomberg, cujos dados biográficos apresento a seguir. Considero seu livro como a obra mais consistente até hoje publicada sobre os Arcanos Maiores do Tarô, tanto pela seriedade de pesquisa, quanto pelos paralelos entre as diferentes tradições e o esoterismo cristão.


O Autor anônimo
Valentin Arnoldevitch Tomberg nasceu em 11 de março de 1900 (27 de fevereiro pelo antigo calendário juliano) em São Petersburgo, Rússia. Seus pais eram luteranos, a mãe uma devota russa e, o pai, um cético originário dos Bálcãs. Ainda adolescente mergulhou na Teosofia e nas práticas místicas da Igreja Ortodoxa.
Em 1917 foi iniciado no Martinismo por G. O. Mebes. Também descobriu, nesse período, a obra de Rudolf Steiner. Em 1920, fugiu com sua família para Tallin, na Estônia, depois de encontrar sua mãe pendurada em uma árvore, com seu cachorro, baleada por revolucionários.
Tomberg trabalhou como enfermeiro em hospital, numa farmácia, numa fazenda e no Correio Central de Tallin. Estudou línguas e religiões comparadas na Universidade de Tartu, na Estônia. No ano de 1925, filiou-se à Sociedade Antroposófica de Rudolf Steiner.
Casou-se com Mari Demski, uma polonesa católica, no início de 1930, com quem teve o filho Alexis. Durante esse mesmo ano Tomberg divulgou em artigos e conferências o resultado de suas pesquisas originais sobre o ocultismo, o que o tornou um figura controvertida nos meios antroposóficos.

Como resultado das controvérsias em que se envolvia foi convidado, em 1938, a se mudar para Amsterdam. Em 1940, contudo, foi intimado a retirar-se da Sociedade Antroposófica holandesa por ser muito polêmico.
Participou ativamente da resistência ao nazismo, escondendo pilotos e pára-quedistas aliados. Ele também se ligou à Igreja Ortodoxa Russa, mas logo se afastou quando se deu conta das simpatias de seus líderes ao Nacional Socialismo.
No final da Segunda Guerra Mundial, Tomberg recebeu o título de Doutor em Jurisprudência pela Universidade de Colônia, para onde havia mudado em 1944. Sua tese foi publicada como Degeneration and Regeneration in the Science of Law, seguida de Peoples’ Rights as Humanity’s Rights, em 1946.
Por volta desse tempo converteu-se ao catolicismo.

Valentin Tomberg

Valentin Tomberg

Logo após a guerra ele colaborou na fundação da faculdade comunitária de Ruhr.
Mudou-se para a Inglaterra em 1948, onde se tornou tradutor da BBC, monitorando a radiodifusão soviética durante a Guerra Fria. Aposentou-se em 1960, indo morar em Reading, cidade próxima ao Rio Tâmisa, onde trabalhou os manuscritos de sua obra principal, escrita em francês sob o título Méditations sûr les 22 arcanes majeurs du Tarot. A ampla difusão dessa obra ocorreu apenas a partir de 1980, com a publicação pela Ed. Aubier, Paris, 1980, como texto anônimo.
Ele faleceu durante suas férias em Majorca, em 24 de fevereiro de 1973. Duas semanas mais tarde sua esposa e colaboradora, Maria, também faleceu.

O porquê do anonimato
Não existe uma razão divulgada publicamente para o fato de Tomberg ter pretendido que sua principal obra, Meditações sobre os 22 arcanos maiores do Tarô, fosse publicada anonimamente. No entanto, ao levantar informações na Internet para elaborar estes dados biográficos, um quadro ficou bem nítido. Durante o período em que Tomberg mergulhou na Antroposofia, ele se tornou bastante conhecido e reconhecido como pensador de qualidade. Mas aí também viveu polêmicas e situações conflituosas que marcaram sua imagem pública.
Nesse quadro, é plausível imaginarmos que, por valorizar o conteúdo de Meditações e para evitar que essa obra ficasse marcada pela imagem de um personagem polêmico, tenha preferido o anonimato. Trata-se, desse ponto de vista, de um belo exemplo de sacrifício do ego em nome da mensagem, sinal evidente de ter se colocado a serviço de propósitos mais altos. Aliás, grandes obras do cristianismo, como é também o exemplo de A Nuvem do Não-Saber, foram publicadas anonimamente.
O apoio de uma autoridade religiosa para um livro sobre Tarô, como foi o caso de Hans Urs von Balthasar, um teólogo ordenado jesuíta, que preparou o prefácio para as Meditações sobre os 22 arcano maiores do Tarô, é um fato digno de nota.
Mais curioso, ainda, é a foto do Papa João Paulo II, com os dois volumes dessa obra sobre sua mesa de trabalho. Diz-se que Hans Urs von Balthasar era o teólogo preferido de João Paulo II. E, de fato, pela contribuição dada à Teologia e à Igreja, o Papa Wojtyla nomeou-o Cardeal.

No site “Theosophist”, em inglês, os detalhes desta foto estão muito bem examinados:
http://theosophist.wordpress.com/2008/04/24/pope-john-paul-ii-meditating-on-the-tarot
Alguns estudiosos da Antroposofia, tais como Robert A. Powell, da Fundação Sophia, acreditavam que Tomberg era uma encarnação do Bodhisattva que, há cerca de 2.500 anos, tornou-se o Buda Maitreya. As características do Boddhisattva foram listadas por Rudolf Steiner e incluem uma mudança radical de vida e perspectivas na idade de 33 anos, o que teria sido o caso de Tomberg, bem como de São Domingos e Blaise Pascal.


Transcrições de capítulos de Meditações

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