Aula 03 – Tarot e Qabalah

Tarot e Qabalah

 

Continuando nossa última aula, se houve envolvimento do Tarot com os qabalistas em algum momento[1], ele não pode ser datado, mas podemos considerar aqui uma outra hipótese, a de uma origem comum.

 

É bem sabido da influência egípcia sobre o conhecimento rabínico, e quanto mais estudamos a história do Egito, mais evidente isso tem se mostrado, embora seja negado pelo Judaísmo.

 

Mas na verdade, as referências feitas pelo Judaísmo à religião egípcia são muitas, e podem ser verificadas documentalmente hoje.

 

Aqui devemos alertar que não estamos atribuindo ao tarot uma antiguidade egípcia, mas sim, dizendo que talvez, ele traga em si, conhecimentos desde aquelas épocas remotas. Ou seja, se em algum momento, alguém preservou o conhecimento dos rituais e a forma como o universo era visto na antiguidade, essas pessoas foram os artistas que elaboraram os primeiros tarots e os qabalistas. Por esse motivo ambos sistemas são tão próximos.

 

Logo, admitindo que o Tarot seja realmente um retrato[2] de uma época, e mais, admitindo que nas figuras haja algo de sabedoria ali descrito e oculto sob a forma de arte, podemos esticar a idéia com a mesma concepção para os qabalistas, que ocultaram sob seus aforismas (de forma semelhante aos Hermetistas e alquimistas) e paradoxos, e veremos então que a sabedoria se ocultou sob diversas formas, indo da pintura/retrato, à imagem simbólica, passando por textos, parábolas, anagramas, etc, que formam o todo do conhecimento ocidental.

 

E nesse momento, em que era necessário preservar o conhecimento de todas as formas possíveis, evitando que se perdesse. A maior qtde de produções tanto no Tarot, quanto na Qabalah, qto no hermetismo, magia e alquimia, datam do mesmo período, e podemos concluir daí, que nessa mesma época, o homem se tornava cônscio da necessidade de preservar um conhecimento que estava sendo esquecido, ou pior, contaminado por influências diversas.

 

O tarot aqui se mostra como o guardião legítimo e fiel de um saber mais antigo que ele mesmo, uma linguagem cifrada que pode ser decodificada por aqueles que se atreverem a ver nele mais do que uma sorte, mais do que destino, aqueles que vêem nele uma ROTA para sua vida.

 

Continua na próxima aula…

 

Em L.L.L.L.,

Fr. Goya



[1] Não devemos esquecer que a primeira associação do Tarot com a Qblh foi feita por Eliphas Levi, e o método utilizado por ele foi bastante simplista. Sugiro a leitura do capítulo referente ao Tarot associado à Qabalah do meu livro, Tarot – O Templo Vivente. Logo, o contato do Tarot com a Qabalah só ocorreu em meados do séc. XIX. Até então, eram duas coisas distintas.

 

[2] O leitor deve recordar que na verdade, cada carta do Tarot é uma imagem, semelhante a uma foto, que descreve uma pessoa ou ofício (digamos assim), ou determinadas situações sociais. Logo, todo tarot, é um retrato (quase um filme) de um momento histórico. Seria interessante que o estudante observasse vários tarots de várias épocas e então tirasse daí suas próprias conclusões.

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