O da’at superior e inferior
Continuando nosso estudo da terceira mishná em Sêfer Yetzirá, encontramos que é constituída de vinte e dois elementos:
O da’at superior e inferior
Continuando nosso estudo da terceira mishná em Sêfer Yetzirá, encontramos que é constituída de vinte e dois elementos:
• dez dedos, correspondendo às dez sefirot do mundo de Atsilut, o mundo cuja consciência é exclusivamente de da’at elyon;
• dez artelhos, correspondendo às dez sefirot do mundo de Beriá (e os mundos inferiores), cuja consciência é de da’at tachton; e
• dois pontos de equilíbrio – a língua e o órgão procriador.
Podemos associar os vinte e dois elementos acima do corpo físico com as vinte e duas letras hebraicas, esquematizando a seguinte representação (a língua acima dos dez dedos, e o órgão procriador acima dos dez artelhos):
Vemos por este diagrama que as duas letras que correspondem ao “único pacto” (manifestado em seus dois níveis) – alef e lamed – combinam-se para formar o Nome Divino E-l. Este é o Nome Divino que aparece no versículo:
D’us [Havaya] é um D’us [E-l] de dois [níveis de] conhecimento.
Este versículo (na canção de agradecimento Chana, entoada após o nascimento de Samuel) é a fonte bíblica para a existência de dois níveis de da’at, conforme descrito no capítulo 8. Assim, os dois níveis de da’at são referidos nas duas letras do nome de D’us:E-l, as duas letras que aparecem nos locais das duas manifestações do “pacto único” como explicado acima:
• Alef – corresponde à sabedoria intuitiva e percepção da mente, como está escrito: “Eu te ensinarei [alef] a sabedoria”;
• Lamed – corresponde ao poder emotivo do coração, pois a letra lamed no decorrer de toda a Torá representa o “coração” (lev).
Assim, aprendemos que a percepção interior da mente (a consciência de da’at elyon) encontra sua expressão externa na língua, ao passo que a emoção interior (amor) do coração (da’at tachton) encontra sua expressão externa no órgão procriador.
Quando as mãos são levantadas (como as mãos dos sacerdotes quando estão abençoando o povo), a língua (que abençoa) está entre os dez dedos. Porém, quando as mãos estão abaixadas, é o órgão procriador que está entre os dez dedos. Da mesma forma, encontramos na Bíblia uma expressão idiomática da língua “caminhar”, como os pés.
Embora tenha sido explicado acima que o da’at superior do alef serve para equilibrar os dez dedos – as dez sefirot do mundo de Atsilut – e o da’at inferior do lamed serve para equilibrar os dez artelhos – as dez sefirot do mundo de Beriá (e os mundos inferiores) – vemos aqui que também existe uma relação entre o da’at superior (a língua) e os mundos inferiores (os artelhos), e o da’at inferior (o órgão procriador) e os mundos superiores (os dedos).
A união das sefirot celestiais de Atsilut faz nascer a consciência do da’at inferior em Beriá e abaixo. O serviço das almas nos mundos inferiores revela, em última instância, o da’at superior na terra.
Além disso, o alef e o lamed – o da’at superior e o da’at inferior – da língua e do órgão procriador, às vezes se invertem. As emoções do coração encontram sua expressão nas palavras da língua. A essência embrionária da mente “contrai-se” na semente do órgão procriador.
Podemos agora entender por que a ordem das duas manifestações do “pacto único” conforme citado em nossa mishná é primeiro “a palavra da língua” e em seguida “a circuncisão do órgão procriador” (apesar de que seguindo-se a ordem do serviço Divino de chash-mal-mal descrito acima, “a palavra da língua” vem depois de “a circuncisão do órgão procriador”). Finalmente, a revelação da essência Divina (na terra) depende da retificação e da santificação da “circuncisão do órgão procriador.”