Por Frater Goya (Anderson Rosa)
Quando a humanidade começou seus dias sobre este planeta, seu campo de visão ia até onde a vista alcançava. Isso significa que no nível do mar aberto, ou numa planície sem saliências, alguém com 1,80 enxergaria algo em torno de 5,6km. Se tivesse em torno de 1,50, seria metade dessa distância. Bem… Independente da altura, isso ainda assim é muito chão para alguém tomar conta. Se considerarmos que era o ser humano contra o mundo, o mais fraco dos animais contra predadores no geral sempre mais fortes do que ele, havia uma necessidade premente de se defender, e defender sua família.
A solução óbvia era fácil: estreitar horizontes. Reduzir o trecho de terra que seria necessário cuidar e impedir ataques surpresa vindos de quaisquer direções. Qual o jeito mais fácil de realizar isso? Uma caverna. Tudo fechado ao redor, e somente a abertura da entrada para cuidar. Uma entrada e uma saída. Claro que dependendo da situação, as duas estarem localizadas no mesmo ponto era estrategicamente ruim, mas isso ajudou muito os seres humanos naquele período. Isso impediu que intempéries, animais selvagens, e outros seres humanos, eliminassem todos os seres humanos da face da Terra, e assim, por longos milênios, o ser humano cresceu e se multiplicou, apesar das adversidades fora da caverna. Me pergunto se essa não seria a origem remota da caverna de Platão ou ainda da expressão: “Pessoas de visão estreita”…
Com o passar do tempo, e a escassez de cavernas, o ser humano improvisou. Cabanas, cavernas, prédios… Da linha do horizonte e da boca da caverna, sua visão ganhou molduras de janela. Daí podemos deduzir que para o ser humano se sobreviver e tornar-se forte, ele precisava de FOCO, precisava se CONCENTRAR num ponto somente ao invés de dispersar a sua atenção com a imensidão da Terra. Assim nasce Maya, o véu que nos impede de ver além. Maya ganha outro significado além de ilusão. Ganha contornos de FOCO, CONCENTRAÇÃO, CÍRCULO. É aí que surge também o conceito de Círculo Mágico, onde o seu universo se reduz ao tamanho de um círculo no qual todo o universo se reflete, e o qual o magista deve dominar completamente.
E onde começa a ilusão? A partir do momento que a visão das sombras da caverna (como no mito da Caverna de Platão), e a visão da janela se tornam a única referência para o ser humano, ele perde a compreensão daquilo que está além da caverna ou além da janela. Um exemplo prático e bastante óbvio, é a própria internet, o Facebook ou o WhatsApp. Até pouco tempo, podíamos conhecer as maravilhas do Museu do Louvre somente pessoalmente, ou parcialmente através de fotos e livros. A internet permitiu acesso a locais inacessíveis para muitos, permite ainda uma visão virtual a museus, tumbas de reis antigos, e mesmo ruas de uma cidade, pelas quais você pode caminhar, caso queira fazer um tour virtual. Alguns conhecem o mundo inteiro por uma tela de 14″, e nos tempos atuais, redes sociais como o Facebook e aplicativos de mensagens instantâneas como WhatsApp fazem as pessoas pararem de conversar olhando nos olhos umas das outras, para ficarem focados em telinhas de 5” ou ainda menos. Com isso, invertemos tudo aquilo que foi dito acima, e Maya, ao invés de FOCO, CONCENTRAÇÃO, CÍRCULO, LOCAL DE PODER, torna-se LOCAL DE FRAQUEZA, ILUSÃO, AUTOABANDONO…
Dai um sujeito se diz Themelita e amante da liberdade suprema, luta contra a opressão, mas é escravo do whatsapp. No mínimo, patético. Ó ilusão das ilusões… Acreditar-se livre mas ainda atado por grilhões autoimpostos.
Que tal erguer os olhos da telinha, e ir para o mundo de fato? Vamos despertar dessa Matrix?
Em L.L.L.L.,
Frater Goya
Ank Usa Semb