Por: Frater Goya (Anderson Rosa)
“O Homem tem o direito de amar como ele quiser:
tomai vossa fartura e vontade de amor como quiserdes,
quando, onde e com quem quiserdes." AL I, 51
O texto que se segue foi originado a partir de conversas que tive com diversas pessoas, e trechos foram escritos aqui e acolá, mas costurando esses trechos juntos, espero lançar alguma luz sobre o verso descrito acima. Muito se fala sobre o amor, mas de fato, pouco se faz. Em nome do amor, se fazem guerras, disputas, crimes passionais. Mas não se faz o principal: amar. As pessoas falam muito de traição, como se amar estive intimamente ligado a segredos de estado. Esquecem que a dita confiança que tanto cobram, é algo que se conquista, não algo que se exige. Amar é uma condição humana. Mas cercear o amor, é algo tão grave como assassinar uma pessoa. O que muitas vezes acontece em nome do amor. Lembrem-se: "A palavra do Pecado é Restrição. Ó homem! Não recuses tua mulher, se ela quiser! Ó amante, se tu queres, parte! Não há laço que possa unir o dividido senão o amor: tudo mais é uma maldição. Amaldiçoado! Amaldiçoado sejais pelos aeons! Inferno". – AL I, 41. Amar alguém não está necessariamente ligado à sexualidade ou ao desejo, e mesmo assim, você pode amar seu parceiro, e amar outra pessoa. desde que isso não cause sofrimento.
Segue-se aqui um diálogo fictício com um interlocutor.
Pergunta: Será que dá pra amar dois ao mesmo tempo e do mesmo jeito?
Resposta: talvez não com a mesma intensidade, mas é possível. Porque amamos pessoas diferentes por motivos diferentes. Você pode ter amado alguém antes, mas o amor não era o mesmo, certo?
Pergunta: Certamente, não.
Resposta: Então, mesmo que seja simultâneo, sempre será diferente, mas mesmo assim, será amor. O que não podemos nunca esquecer, é que fizemos uma escolha pelo parceiro definitivo. Mas definitivo não quer dizer necessariamente o último nem o único. Essa é a confusão que existe hoje. Só existe a traição porque não respeitamos o outro. Se respeitarmos o amor do outro, não há traição. Há liberdade e amor. Porque quem ama, sabe que nunca perderá.
Pergunta: Mas nem todo mundo tem essa consciência.
Resposta: O que é uma pena. Pense quantos sofrem por não entender algo tão simples. Quantos confundem amor com posse, e acabam recusando esse amor por não saber dividi-lo, ou melhor multiplicá-lo. E curiosamente, falam de amor universal, amor pela humanidade. Mas esquecem isso dentro de casa, e que o amor é a fonte e o que nos une. Se pudéssemos amar sem fronteiras, o mundo seria melhor, haveria menos brigas, menos desgaste nos relacionamentos. Devemos estar mais prontos a amar que a odiar.
Pergunta: Concordo, mas não faz muito tempo que tenho essa percepção.
Resposta: Pense que dessa forma, os conceitos como confiança aumentam de valor, e conceitos como traição perdem o sentido e a razão de ser.
Pergunta: Antes eu tinha crises de ciúmes e não entendia certas atitudes.
Resposta: E agora? Como você vê?
Pergunta: Eu mudei a minha idéia de traição, acho essa palavra muito pesada.
Resposta: Exatamente, sabe porquê? Porque você não sente mais a traição no peito. Sabe que isso é sofrimento, e você não sofreu. E está mais tranqüilo porque o peso saiu de cima de você. As pessoas precisam descobrir a liberdade. Precisam saber que amam, mas que não são donos.
Atenciosamente,
Em L.L.L.L.,
Fr. Goya
ANKh, USA, SEMB
Curitiba, 20 de novembro de 2003.
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