Aula 07 – Percebendo a energia com o Tarot

Por:Frater Goya (Anderson Rosa)

Nas últimas mensagens na nossa lista, Tarot de Thoth (http://br.groups.yahoo.com/group/tarot_thoth), tem sido recorrente o tema do que o Tarot realmente consegue perceber, ou captar. Por isso, cremos ser melhor fazer um aparte sobre esse tema na presente aula, para que os estudantes consigam entender melhor a funcionalidade do Tarot. Vivemos num mundo formado por energias que estão constantemente em movimento, desde a menor até a maior parte. Tudo vibra, tudo está em eterna mudança. Os povos antigos perceberam esse movimento, e deram a ele vários nomes, dependendo de como essa cultura percebia a energia.

Os Egípcios usavam o termo Hekau para designar esse poder e por vezes o termo Mana. Os Hindus chamam-na de Prana, e os Chineses chamam-na de C’hi. Tudo no universo é formado por essas energias primordiais. Desde de a menor parte do átomo, o homem, o ar e o planeta tudo é formado por essa energia. Algumas culturas possuem subdivisões dessa energia, mas no nosso caso, vamos trata-la apenas no termo geral, que será o suficiente. Tudo no universo interage a esse eterno movimento. Aquilo que não age nem reage está morto.

Mas como pode ser constatado por certos modelos da Física atual, a quantidade de energia no universo não aumenta nem diminui, de onde podemos concluir que mesmo a morte é uma ilusão. Portanto, já que a morte é uma ilusão, deduzimos então que a imobilidade também não existe. E uma vez que tudo está em eterno movimento, indo de um lado para o outro, esse movimento pode ser percebido desde que usemos os instrumentos adequados. Existem instrumentos para medir a velocidade, a quantidade das coisas, o peso, e o tamanho. Bússolas, compassos, réguas, temos medidas para quase tudo, até mesmo para a parte mais sutil dessa energia, como os pêndulos, as Runas, o I Ching (Livro das Mutações do C’hi), e o que é atualmente nosso objeto de estudo, o Tarot.

Sabe-se há muito tempo que existem influências invisíveis, mas não imperceptíveis que agem ao nosso redor. Jung chama de sincronicidade esse captar de energias e aplicou com sucesso sua teoria envolvendo o I Ching. Sincronicidade pode ser definida como a ocorrência simultânea de dois eventos. “Ou seja, numa velocidade superior à da energia eletromagnética, como eu pensar em alguém na mesma hora em que esse alguém pensa em mim, ou meu cachorro saber o momento exato em que decido voltar para casa (uma interconexão no universo, que atravessa o continuum espaço-tempo de Einstein, superando a velocidade da luz e utilizando-se de campos sutis indetectáveis, não-físicos, não-locais, não-lineares)”. – Jomar Morais, no site: http://www.planetajota.jor.br/aborda.htm

Pelo exposto acima, vamos nos utilizar dessa idéia de sincronicidade, para demonstrar como o Tarot, assim como outras Artes Divinatórias pode perceber e medir o fluxo dessas energias. Quando por exemplo, numa jogada um Consulente retira a carta da Torre, essa carta, aliada a outras nos dá um panorama geral do momento vivido pelo mesmo. Nessa leitura exemplo, vamos imaginar que fazendo uma jogada de 3 cartas apenas, nosso Consulente retirou do maço de lâminas as seguintes cartas, nessa ordem: Ajustamento (ou Justiça), A Torre e o 9 de Ouros.

Essa leitura dá uma visão geral do momento de acordo com a conjunção dessas 3 cartas, sem lhes dar outro valor como passado, presente e futuro. Fazendo uma análise rápida, o Tarólogo percebe que o Consulente passa por um momento delicado, onde uma situação que não tem mais razão de ser vem terminando, gerando instabilidade e provavelmente gerada por discussões que não foram dominadas a tempo de evitar o pior. Depois de passar essa informação ao Consulente, o mesmo confirma essa impressão, comentando que há algum tempo tem discutido no ambiente de trabalho, o Consulente trabalha há cinco anos na mesma empresa, e devido ao estresse gerado na discussão, recebeu uma advertência da gerência de seu departamento.

Quando o Consulente nos pede um conselho de como reverter essa situação, podemos indicar uma saída pelas cartas que saíram, e podemos tirar mais uma carta representando o Conselho Divino. Aproveitando a ênfase na carta da Torre (que chamou a atenção na jogada, funcionando como a tônica do jogo), podemos dizer que o estresse talvez venha do longo tempo na mesma função, o que deve ser verificado com o Consulente, e que talvez seja a hora de mudar de função ou até mesmo de emprego, caso a situação de estresse permaneça. Arriscamos até mesmo dizer, comentaremos mais abaixo sobre isso, que talvez o próprio Consulente esteja desejando essa mudança, mas prefere jogar para fora essa irritabilidade e inconstância, para tirar dos próprios ombros a responsabilidade da mudança. No caso de uma conversa com a gerência, talvez o clima piore, pois as cartas presentes não indicam nenhum aspecto mais favorável à questão. Para poder dizer algo mais, tiramos uma nova carta indicando um Conselho Divino, e sai a carta do Enforcado.

O Enforcado nos indica a necessidade de ficar fora do próprio caminho, isto é, um momento para não-agir, ou como dizemos em linguagem popular, é hora de colocar as barbas de molho. Além disso, a própria posição da figura da carta nos instiga a tentar ver a situação de outra maneira, já que o problema pode ser do próprio Consulente (pois o Tarot preferencialmente falará sobre quem está jogando, e não de outra pessoa. Além do que, a ausência de cartas da realeza e a predominância de Arcanos Maiores indicam ser uma questão interna (mental), e não externa ao Consulente), que num momento de estresse esteja culpando a todos por sua instabilidade e irritabilidade (ver parágrafo acima). Em resumo, o Conselho Divino indica que o Consulente tente ver as coisas com outros olhos, evitando entrar em choque ou derramar sobre os outros sua irritabilidade causada pelo cansaço e pela frustração, e principalmente, não tomar qualquer decisão precipitada num momento de crise como o que se apresenta.

Essa é uma jogada e uma situação ilusória que pode nos indicar essa sincronicidade. Para evitar influenciar o Consulente ou a leitura, sugerimos que o Tarólogo antes de começar a falar alguma coisa, analise por algum tempo a leitura, seguindo as regras que regem os jogos de Tarot.

Mais adiante, nesse mesmo curso, na medida em que fecharmos os Arcanos Maiores, iremos dar algumas regras e estilos de jogo que funcionam muito bem na metodologia que seguimos aqui. Depois indicamos ainda que evite especular com o Consulente, diminuindo a possibilidade de influenciar a leitura com um pré-conceito.

Só começar a explicar a leitura ao Consulente após ter definido bem na sua mente o sentido do jogo. O Consulente deve ser deixado à vontade para comentar ou não comentar a interpretação. E em último lugar, nunca tentar encaixar uma resposta agradável ou desagradável apenas para satisfazer a curiosidade do Consulente.

O Tarot consegue expressar-se por si só, e o Tarólogo é um mero porta-voz da jogada, não devendo “torcer” o sentido das leituras. Com o tempo de estudo, aliado à dedicação, meditação e domínio do conjunto de lâminas utilizado, independente de qual Tarot esteja usando, o Tarólogo será capaz de compreender e captar adequadamente essa mutação na energia que está sendo examinada. Da mesma forma que aprendemos a falar corretamente pela observação dos exemplos ao nosso redor quando éramos crianças, o convívio com o Tarot e sua dança interminável nos tornará aptos a falar corretamente essa linguagem simbólica.

Embora tenhamos usado aqui o exemplo de uma leitura a um Consulente, por ser de mais simples compreensão, o método também pode ser aplicado sem um agente (o Consulente), para que se tenha uma captação de um “momento”. No futuro iremos dar outros exemplos nesse sentido, à medida em que os estudantes forem se tornando mais íntimos do instrumento que estão operando.

Continua na próxima aula…

Em L.L.L.L.,
Fr. Goya

Link permanente para este artigo: https://cih.org.br/?p=343