O Novo Aeon

Por: Aleister Crowley, na introdução da primeira edição do Livro da Lei.

O terceiro capítulo do livro é difícil de compreender, e inclusive pode parecer repulsivo para aquelas pessoas que tenham nascido antes da data em que se ditou o livro (10 de abril de 1904).
Nele se narram as características do período em que entramos. Superficialmente estas características parecem espantosas. Podemos observar algumas delas com aterradora claridade. Nada há que temer!


Explica-nos que certas estrelas podem ser descritas como deuses. Uma delas se encarrega de guiar o destino de nosso planeta por um espaço de dois mil anos, um Aeon.
A história conhecida da humanidade foi regida por três deuses: Ísis, a Mãe, regeu o mundo quando o universo foi concebido como o alimento que se extraía diretamente dela. Neste período foi característico o regime matriarcal.
Osíris dominou o seguinte, que teve seu início no ano 500 a.C., Osíris, o Pai, regeu ao mundo quando o universo foi imaginado como um espaço caótico: o amor, a morte e a ressurreição, de acordo com a ordem em que se elaboram as experiências; caracterizou-se pelos sistemas patriarcais.
Atualmente rege Hórus, o Filho, em que percebemos os eventos de acordo com o crescimento contínuo; seus elementos participam dos sistemas anteriores, e têm a intenção de não ser vencido pelas circunstâncias. O presente período implica no reconhecimento do indivíduo como a base unitária da sociedade.
Nós percebemos antes de mais nada a nós mesmos, tal e como se explica nos primeiros parágrafos deste ensaio. Todos os acontecimentos, a morte inclusive, constituem-se em um crescimento a mais de nossa experiência pessoal, desejada livremente por nós desde o nosso nascimento, e portanto predestinada por nós mesmos.
Ao deus Hórus se denomina tecnicamente: Heru-Ra-Ha, uma combinação dos deuses gêmeos, Ra-Hoor-Khuit e Hoor-Paar-Kraat.
O significado desta doutrina pode-se estudar em Magic-k.
Hórus rege o período de 2.000 anos que teve início em 1904. Seu império está deitando raízes por todas as partes. Pode-se observar a decadência com respeito ao pecado, e ao  crescimento da inocência e da irresponsabilidade, as mudanças e modificações que estão sofrendo o instinto sexual, sua tendência à bissexualidade e à homossexualidade, a ingênua confiança que se têm no progresso, e nos terríveis pesadelos que provoca o medo das catástrofes sobre as quais não tomamos as devidas precauções.
Há que se considerar o ressurgimento das ditaduras possibilitado pelo incipiente crescimento moral e o predomínio dos cultos infantis como o Comunismo, o Fascismo, o Pacifismo, o Naturismo, o Ocultismo na maioria de suas tendências, e as religiões sentimentalizadas a tal ponto, que estão perdendo seu sentido prático.
Há que se considerar a popularidade pueril do cinema, o rádio e os prognósticos esportivos; as competências da adivinhação e todas as invenções, úteis somente para satisfazer aos caprichos de umas crianças malcriadas que carecem de vontade, de sentido e de propósito.
Há que se considerar o que representa o esporte, o entusiasmo infantil e as iras que provoca; nações inteiras perturbadas por jogos e disputas que criaram.
Há que se considerar  que a guerra e todas as atrocidades que ocorrem diariamente, apenas se não nos afetam, apenas nos mantém preocupados.
Somos crianças.
Como se desenvolverá este novo Aeon de Hórus, será como evoluirá a criança. Em nós encontra-se a resposta, se crescemos sob a Lei de Thelema com a Guia Iluminada do Mestre Therion.

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