O Papiro

O Papiro, ou Cyperus Papyrus, da família das Cyperaceae, é uma planta comum às regiões pantanosas do Egito, principalmente na região do Delta do Nilo. Suas hastes alcançam até seis metros de altura e servem de esconderijo para as aves e alguns mamíferos, inclusive o hipopótamo.

O papiro tinha múltiplas aplicações: Seus talos serviam para fazer barcas ligeiras; a base dos talos era agradável de se mastigar; de suas fibras se faziam cabos, velas de embarcações, sandálias; de sua medula fibrosa, faziam-se lâminas delgadas, nas quais podia-se escrever.

Também faziam-se amuletos com o papiro. No Capítulo CLIX do “Livro dos Mortos”, reza a seguinte mensagem: O CAPÍTULO DO AMULETO UACHT [feito de] ESMERALDAS que será colocado no pescoço do falecido.

Osíris Auf-Anc, triunfante, diz:

“Salve, ó tu que sais diariamente do templo do deus. A senhora poderosa fala, passa pela porta da casa dupla, e toma posse da força de seu pai, o que quer dizer, o Sahu [que é] o touro da deusa Renenet. Ele pega os que estão em seu séquito, e dá-lhes uma oportunidade, a oportunidade da porta (?)”

Rubrica: [Este capítulo] deverá ser dito diante de um Uacht de esmeraldas, no qual tenha sido inscrito, e o Uacht colocado no pescoço do Falecido. (E.A. Wallis Budge, O Livro Egípcio dos Mortos, Edit. Pensamento, 1990, pp.426).

Quando o falecido não podia pagar à casa dos mortos, os amuletos eram substituídos por pedaços de papiro onde o texto sagrado era escrito e colocado junto ao corpo do falecido, acreditam-se que desta forma, ele estaria tão protegido como se ali tivesse sido depositado o amuleto verdadeiro.

A palavra Papiro, é uma palavra grega (papyros), que deu origem à palavra papel. Ela deriva da palavra papuro, que quer dizer, o real. Para os egípcios era a imagem vigorosa do mundo em gestação; transformado em colunas, passou a sustentar o templo, que é uma miniatura do universo.

O papiro enquanto está enrolado, representa o conhecimento. O fato de ser enrolado e desenrolado era correspondente aos dois movimentos de involução e evolução, aos dois aspectos esotéricos e exotéricos do conhecimento humano. Ao mundo invisível e ao invisível. Ou ainda, o impulso e o repouso, a exaltação e a depressão.

Pode-se também associá-lo com o livro, o símbolo do universo. Em todas as ciências antigas, o livro aparece como símbolo do divino, confiado somente ao iniciado. O LIBER MUNDI representa o macrocosmo, a Inteligência Cósmica. Fechado representa a matéria virgem. Aberto, a matéria fecunda. Como diriam os alquimistas: “Assim é o Grande Livro da Natureza, que encerra nas suas páginas, a revelação das ciências profanas e a dos mistérios sagrados…”

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