Como explicamos as entidades da umbanda ou quimbanda por exemplo à luz do CODEX 07?

Por Frater Goya

Essa pergunta foi-me enviada em um grupo de estudos e levou a algumas reflexões interessantes. Note-se que o foco aqui não é o convencimento, não é provar nada. É trazer uma outra hipótese sobre um tema proposto, que é a reencarnação.
Para quem não conhece o texto, poderá acessá-lo AQUI.

Essa pergunta é relativamente simples de explicar. Mesmo às luz do próprio Kardecismo ou de outras correntes influenciadas por ele, como a umbanda, entende-se que temos vários corpos. Vamos colocar aqui os principais:

  • Corpo: nossa vestimenta física;
  • Espírito: nossa parte imortal (aquela que eu digo que após a morte, volta imediatamente à fonte);
  • Alma ou períspirito: a parte que une a alma ao corpo.

Os egípcios dividiam a alma em até 9 partes, a cabala nos ensina que todos tem pelo menos 3 partes (qualidades) distintas, e que os cabalistas podem desenvolver mais duas qualidades, e assim por diante.

Mas no exemplo, pra ficar fácil de entender, pense que o espírito volta à fonte que o criou. Mas ainda resta a alma ou períspirito, que une o corpo ao espírito. Quando a pessoa morre, o espírito já sabemos o destino, mas a alma ainda permanece algum tempo: tem correntes que dizem que permanece ainda por 3 anos (ou o tempo que o corpo leva para decompor) e outras que pode durar até 7 anos.
Essa alma é aquilo que vemos em aparições, aquilo que fica numa casa, e tbm aquilo que podemos chamar em um terreiro. Aqui é importante uma explicação: Essa alma não é imortal, é o tal cascarão, ou craca ou casca.
E ela se comporta e se parece com falecido em tudo, responde como ele, e se percebe como ele.
Quando tem aquela família que depois do falecimento cria um verdadeiro culto ao falecido, na realidade acaba mantendo essa energia de forma quase vampírica, porque essa alma vai sendo sustentada de forma artificial pela família. E é um dos motivos pelos quais muitas famílias acabam adoecendo ou se apagam depois do falecimento de um ente querido, principalmente se este tinha muito peso, como aquele pai, tia, que mantinha a família unida (calma q depois falo a respeito de cultos aos ancestrais).
E nos terreiros, basicamente as “entidades” acabam sendo dessa qualidade: energias que deveriam se desfazer mas que acabam ganhando uma sobrevida artificial a partir do culto.
Mas e aqueles q recebem Dr Fritz, o Chico Xavier ou qualquer entidade famosa mundo afora?
1) a entidade como eu disse se reconhece e age como tal;
2) as entidades podem dizer o q quiser, dificilmente alguém realmente vai a fundo pra explicar ou ver se é mesmo;
3) e mesmo que vá adiante, a maior parte das pessoas anseia por esse contato, então ela já está convencida de antemão que chamou o Dr Fritz…

Mas e o culto aos ancestrais?
Quem lida com magia do caos e com magia clássica está familiarizado com o conceito de servidores, alma-grupo, egrégoras, etc.
Vc pode criar a partir do zero uma entidade que vai agir em prol de um grupo. Vocês percebem que entre os evangélicos existem diversos tipos de Jesus diferente, e que o Jesus evangélico é diferente do católico ou do protestante? Isso ocorre porque cada grupo criou e alimenta a “sua imagem de Jesus”. É deus criado à nossa imagem e semelhança…

E no culto aos ancestrais, funciona de forma parecida. Você parte de algo que está ali: a alma, ou períspirito de um antepassado, dai alimenta com ritos, lembranças, emoções, carinho dos familiares, etc.


E temos dois extremos aí:

  • porque você pode criar um ser vampírico que se alimenta daquela família empobrecendo ela emocional e energeticamente e até em termos de saúde muitas vezes;
  • ou você cria um culto ao redor de troca, em que essa energia torna-se um servidor, e começa a ser um guardião daquela família, ou daquele grupo.
    Diversos grupos, como a cultura indígena da américa do norte, hindus, o xintoísmo…. Muitas religiões antigas possuem uma tradição de culto aos ancestrais.

Mas note que em nenhum momento, é dito categoricamente que “É” a pessoa. Tem uma expectativa disso.

Outro detalhe: em nenhum momento essa explicação nega ou refuta o que acontece nos cultos aos ancestrais ou nos terreiros. Ao contrário, explica numa hipótese (não estou afirmando que é uma verdade absoluta – cada um acredita ou deixa de acreditar no que quer) do que pode estar ocorrendo ali. É um aprofundamento de visão num entendimento mais moderno.
E como disse: não nega, apenas explica e aprofunda o conceito.

Há uma sabedoria no luto. O ser humano é feito de luz. E todos os seres são atraídos para a luz como mariposas.
Então vestir o preto é uma forma de “apagar ou cobrir sua luz” e se esconder/ocultar-se, tornar-se invisível. Por isso os magos usam o preto nos rituais, para não serem alvos.
Quando alguém morrer, o espírito vai embora, como se fosse o gás de um isqueiro. Simplesmente vai embora.
Mas fica a craca, e ela naturalmente busca a luz dos familiares.
Por isso cobrir os espelhos (que são portais) e vestir o preto, para que a craca se dissolva e vá embora.

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